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Trago Flores no cesto - coração - Orvalhadas e gratas. Trago versos - frutos - Cato palavras que caibam No meu coração que Ama ...

.. obrigada .. :)

domingo, 9 de julho de 2023

Amante da Minh'alma

... amo conversar contigo
e ausentar-me daqui
e quanto mais reconheço-me
mais nadifico-me na minha vergonha..
mais tudifico-te em quem tu és em mim.
... e de nada adianta esconder-me.
tu conheces-me nos meus recônditos mais secretos de minh'alma.
tu sondas e visitas cada cômodo...
... e iluminas tudo.
e se eu fecho a porta e escondo-me
tu tornas a abri-la ..
e logo encontras-me
..... com sorrisos de recomeços.
e fartamo-nos de rir da minha tolice..
de querer-me esconder do verbo
de toda a minha existência...

amante de minh'alma pequena e errante
e nascente apenas em ti..
tu sempre trazes o meu sorriso de volta.
e eu ... cantarei a tua bondade
para todo o sempre.

Karla Mello
OST: Pintrest sem autoria

21 de Fevereiro de 2023

Bilhete à Solidão

sentir muito
sentir nada
senti(mento)
real.
mas nunca
mais mentir
sentir.

Karla Mello
OST: Edward Hopper

23 de Fevereiro de 2023

Silêncios

.. o caminho mais bonito
foi aquele que escolheste tu
para levar-me de volta
para ti...
então, ancoraste o meu coração
num porto de adeuses diários ...
e dói  profundo ... 
e quando  quero  falar sobre isto...
aumentas o volume  do meu silêncio
e do teu...
e beijas a minha testa
e danças comigo...
e levas-me  para longe de mim
e para tão perto de ti
que até respiro o teu ar ..

........ e com o sorriso mais bonito
levas-me... dançamos ....
e sussuras ao meu ouvido:

- tu és minha

Karla Mello
17 de Fevereiro de 2023

Lisboa, Novembro de 2017

parecia estranho para alguns..
mas eu sempre tirei os sapatos
para pisar as pedras frias
do chão da Augusta.
por oito anos .. nos dias menos fáceis
estava lá eu
com os pés descalços
sobre as pedras frias
daquele chão
da Augusta.
acalmava-me...
e trazia-me estranha alegria.
e ao atravessar descalça
o seu Arco de tanta beleza
o Tejo, ao longe, ria-se de mim
quando corria eu na sua direção
a pedir-lhe:
abraça-me.

hoje deixo lágrimas
noTejo que nao sorriu.
Augusta das pedras frias
Augusta das saudades minhas.

Karla Mello
Fotografia: Acervo Pessoal

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Descrevo-te

tu cabes 
tão exatamente 
no espaço da minha saudade.
no embargo da minha voz
canto para ti
... tateio-te.
sei-te de cor.

Karla Mello
OST: Lucasz Biel

terça-feira, 25 de outubro de 2022

A Caixa

Hoje eu encontrei uma caixa compacta
Assim .. como são as mentiras.
As mentiras sempre nascem compactas.
Pensei em não abri-la .. mas escolhi enfrentá-la
Porque ela estava determinada a crescer.. e a disparar contra mim ..
E eu .. aprendi que ela pode ter o tamanho que eu permitir.
A caixa é feia .. e tem efeitos do tempo.
As mentiras já foram bonitas .. bem lá atrás ..
Quando eu as olhava com um amor que impedia
... a caixa de fechar.
Chorei sobre todas elas: as mentiras que eu despi
Num dia doído .. tanto que até secou o mar e a Lua assistiu ... quando eu o olhava.
Cega .. seca .. com a boca aberta de espanto.
Fraca e só.
Mas então .. Ele se aperfeiçoa em mim..
Que não passo de uma caixa cheia de nada..
 
Dizem que fotografias falam muito ..
E eu nem acredito tanto assim.
O sorriso pode ser apenas um movimento
.. mas o músculo dentro do peito..
Pode ter brigado com a alma ..
E pode decidir não sorrir .. não rimar
... quem saberá..
 
Hoje eu encontrei uma caixa compacta
De sonhos escritos para o amanhã ..
E me dei conta de que hoje .. é aquele amanhã da caixa.
 
( Cresci bem no centro de uma mentira
- que assusta criança -
Depois eu nasci ..
Bem no centro de toda A Verdade )
 
Subi numa escada bem alta ..
que até me lembrou o céu do meu Pai ..
Guardei a caixa de mentiras .. bem no alto ..
O mais que eu consegui
Num armário que não visito ..
Só porque, um dia .. eu vi verdade.
Memórias.
Um dia posso perdê-las.
 
A fotografia nem sempre é fiel ao instante.
As mentiras não são fiéis.
Assim são algumas fotografias.

Karla Mello 
Fotografia: Arquivo Pessoal 


 

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Beijo-te Como Quem Morre

Que diremos, pois
Da palavra não dita
Em laço de fita
Que enfeitei o meu choro
Chorado calado
Debaixo da Lua
Bem mesmo na curva
Do sorriso teu
Tão meu..
Da tua calma na escuta
Da minha pressa na fala
Da voz embargada - minha e lacerada
E do peito apressado
Em tentar esquecer
O nosso meio tempo
Quase inocente
Amassado .. Achatado ..
Engolido inteiro
Por mim.
 
Que diremos, pois
Desta dor que não passa
E deixo pra depois...
Que diremos, pois.
 
... Páro
E olho pra trás
Aceno e agradeço
Cresci e juntei lágrimas
No poço fresco
Do meu novo coração.
(Quem nos poderá separar do Seu Amor?)
 
- Que direi, pois... sem ti..
Destas tantas coisas..
E beijo-te enquanto dormes..
Ao longe .. de longe ..
Beijo-te .. como quem morre.
 
Karla Mello
Arte: Lannetti Alessia

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Indisível

O tempo é vento e fome.
Que traz poeira cinza e que engole o homem.
Cortina que cobre cenas. 
Cortina que encerra em atos toda a efemeridade. 

Busca aquele que sacia.
Busca o indizível.


Karla Mello

OST: Maria Oosthuizen

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A Morta

 
.nada sou.
.sou aquela que dança.
.sobre sonhos vis.
.esmago alguns.
.alguns esmagam-me.
.quando ninguém vê.
- ele vê -
.e dança comigo.
.sobre as minhas tantas.
- mortes -
.sou aquela que cansa.
- do nada -
.do tanto que ama.
.que foi.
.e que vai embora.
- em silêncio -
.eu sou Amada.
- descanso -
.eu sou a morta.
.eu não sou nada.
.do que tu vês.
.passar por aí.
.nunca espero.
- muito -
.nunca fico.
- fujo -
.guardo-me.
.em seus braços.

Karla Mello

Imagem: Arquivo Pessoal

sábado, 16 de janeiro de 2021

Complicada_mente

Amo o som da tua risada
Guardo-o na minha retina.
E a figura da tua boca... desatina...
Escuto-a no sussurro da quina 
Dos desencontros tantos, tão nossos
Nas curvas das nossas esquinas.

E fico tonta... nunca sei o que dizer...
E guardo-me no nosso abraço 
Porto meu... amor meu.
Porto do nosso cansaço.

Amo o teu jeito complicado 
Que mais parece com o meu...
Vidas, em tanto, entrelaçadas
E não há muito o que dizer... 
E há tanto, tanto a fazer.

O tempo... O tempo...
Do sentimento, boca amordaçada.

Karla Mello

OST: Alyssa Monks

domingo, 3 de janeiro de 2021

Te cOnTo Um Conto

 

Hoje vi um velhinho na livraria.
Ele estava sozinho.. e peguei-me duplamente assustada: pela pandemia e pelo "espelho".
Sim. Acho que há uma certa indiferença em nós em relação aos velhos. Como se nunca, nem pensar, pudéssemos ocupar um dia, aquele lugar.
Tentei imaginar o que levaria um velhinho a estar sozinho numa livraria.. Ele roubou-me a atenção. E não aparecia ninguém. Era ele e o livro que lia. Ora lia, ora observava as pessoas. E a impressão que eu tive é a de que ele não estava ali. Pelo menos parecia não querer estar. Não ali.. no espaço físico. Mas ali.
Pensei que eu iria apenas escolher livros. Mas fui aprender um pouco mais sobre estar só e ser velho.. numa livraria.. bem num lugar qualquer do mundo.
Não tive o privilégio ainda de chegar a sua idade. Mas já sinto sim a sensação de que há quem não  queira escutar muito sobre o que temos a falar sobre a vida e as nossas experiências.. boas ou menos boas. Podemos estar com a melhor intenção, mas poderá sim parecer uma "invasão ofensiva". Então lembrei que os velhinhos, por norma, não costumam falar muito.
Lembrei que eu gostava muito de conversar com a minha avó.. que achava graça porque eu falava muito.
Lembrei que nem sempre tive paciência com o meu pai.
Lembrei que já sou uma avó. 
Eu gostava de ter me sentado ao seu lado...
Eu gostava de ter feito diferente algumas coisas.

Hora de ir embora.. E não apareceu ninguém.
Ele e o livro num planeta gigante.
Não me parecia nem alegre, nem triste.
Lembrei da Cecília Meireles e pensei: pode ser um poeta.
Hoje eu pude enxergar um velhinho na livraria.

Karla Mello

OST: Não encontrei o autor da pintura 


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Lucidez

Hoje eu não abri as cortinas.
Anoiteci sonhadora e amanheci lúcida 
Da minha enorme pequenez 
E impotência sobre tudo 
Sobretudo sobre mim mesma.

Hoje eu recuso-me a falar
Sobre as minhas pseudo verdades
Sobre o mundo... 
E sobre o bem e o mal.
Guardei a minha arma torpe-língua 

Amanheci lúcida e espantada
Debruçada na minha futilidade 
Do valor ao transitório 
Na minha efemeridade carnal
Na minha volúpia e orgulho.

Lúcida e debruçada 
Sobre tudo o que passa 
Na minha calçada sob a janela
Do lugar transitório aonde habito
Neste corpo emprestado e cansado
Neste copo aonde bebo 
Amarga_mente 
As minhas verdades sobre mim mesma.

Anoiteci menina tola 
Amanheci quase morta 
Hoje...
Eu não abri as janelas.
Um soco no estômago:
Um brinde à toda a lucidez.

Karla Mello

OST: Alyssa Monks

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Despedida


Meu bem
Sem vida
Morro(me)
Mato(te)
Guarda(me)
Nas dobras
Do enganoso coração.
Guardo(te)
Nos acordes de uma canção
Que eu nunca, sequer
Cantei
- de amor -
Uma só canção.

Morra comigo
Meu bem
Guarda em teu peito
(des)cabido
Um beijo meu
- Sôfrego fôlego -
Sempre sentido.

.... celebro e danço sobre a minha morte!

Karla Mello

OST: Emanuele Descanio

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Poderia Ser Verônica

Verônica cansada
Despiu-se de tudo.
Debruçou-se na janela
E confessou à Lua
Segredos inimagináveis.
A Lua… derramou-se
E molhou todo o céu
Porque  viu que era dor
E escorreu-se
Na imensidão
E virou mar.
Verônica pranteou
Aliviada e quase cínica
E, de soslaio..
Contemplou a Lua
Contemplou o caos
Que é ser ela mesma
Sempre toda molhada
Dos prantos tantos.
Dos tantos gritos
Dela e do mundo
Imundos... imundos.

.... Verônica bem que poderia ser tola.
.... Verônica bem que poderia escolher não ser cínica.

Karla Mello

OST: Marco Grassi

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Trezentos e Sessenta

Eu não te contei 
Eu acho...
Encontro 
Todas as dores 
Em trezentos e sessenta 
Graus
Em meu corpo 
Fibras
Músculos 
E solitude 
Que escondem-se 
E encontram-se
Contigo 
Entre a pele 
E os ossos 
Da morta viva.

E são 
Trezentos e sessenta 
E cinco dias 
A girar
Silenciosos
(Looping)
Em mim mesma.

- Dente de Leão -
No sopro de Deus

E tudo é vento
E o tudo é fundo.
E o nada é findo.
E tudo é lindo.

Karla Mello 

OST: Alyssa Monks


quarta-feira, 29 de abril de 2020

O Jardineiro de Mim

Espaço(me)
Entre o seu mau uso
E o que
A amorosa(mente)
Lembra-me quem sou.

............. Desarmo o gatilho .............

Pousa-me
O teu tom
pacifica(dor)
E o choro que é
Tão sem cor
Pausa(me)
No amoroso instante
Quado tu sopraste
- leveza e frescura -
Na flor...
Do meu singelo Amor.

Tu és... todas as minhas cores.
Eu quero ser... o teu canteiro de flor.

Karla Mello

OST: Germán Aracil

sábado, 21 de março de 2020

Rascunhos de Quarentena


Gosto das pessoas complicadas.
Não falo daquela complicação forçada...
Somente porque dizem
Que complicação pode ser "cool"

Gosto de gente genuina_mente
Complicada...

Não aquela gente chata
Complicada somente para ser
Do contra, mal humorada e pessimista.

Gosto da ternura que reside na distração
Que despe inteiro a gente complicada.

Penso que a complicação genuína...
Reside no rápido descuido do existir-se pleno.

Gente complicada... tem muito charme.

Karla Mello

OST: Rox

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

No Sótão Da Mente

A mente 
Se ele ausente
É sótão escuro
Com verdades penduradas
Nas paredes...
E apenas são verdades
Porque escapam da minha
Observação.

A verdade 
apenas o é 
Quando não pousamos 
sobre ela
A visão turva
Do nosso conceito 
Sobre.
..... Sobretudo no frio
Que faz
Quando ele ausenta-se
Sobre tudo.

a minha verdade reside no que eu não digo.
o restante... por mais áspero ou simplório... é hipócrita polidez humana.

Karla Mello

OST: Omar Ortíz

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

A Saudade, O Girassol E O Passarinho

Céu azul
A franja da luz
Desce sedosa sobre o rosto do mundo.
Chove no meu rosto 
E a dor que lacera a minh'alma
Diz-me 
Que é hora de descer
Na saudade porão

Eu sempre desço confiante...
Ele sempre vai buscar-me pela mão 
E ensina-me 
que amar também é 
Ter coragem de visitá-lo
E, vez por vez...
Tempo em tempo,
À cada visita que faço
À saudade porão 
Encontro algo que eu perdi
De mim
Quando andei por quarenta anos 
Nos desertos de mim.

Eu sempre abro as janelas...
Ele fez um canteiro bonito
de Girassol e passarinho
Para mim
E a franja da luz
Desce sedosa sobre o meu rosto
E já não há dor...
Há um passarinho azul
Que canta algo... 
de flor em flor
Sobre este incomparável 
E infinito Amor.

Karla Mello 

OST:  Gustav Klimt

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Ode À Minha Morte

Solta ao vento 
Sinto-me.
Presa apenas 
Ao teu Amor
Que acompanha-me
Com olhar taciturno
A dançar 
Sobre a minha morte.

Nem sempre consigo
Te escutar.
E o teu silêncio grita
Nos recônditos 
Do meu coração.

Não estou para agradar
Quebro paradigmas 
De mim.
Do mundo.
Dos hipócritas
Das frases de efeito
Das fotografias congeladas
Dos estigmas e rótulos 
Da satisfação ao alheio.

.............. Canso-me.
De mim e de tudo.
Lavas 
A minh'alma
Quando encontro-me
Com a loucura
Que é ser eu.

Tropeço 
No meu vestido antigo.
Atrapalho-me.
Enlouqueço.
Abraças-me.
E lembras-me de que já passou.
Sopras as minhas dores
Seguras na minha mão 
E convidas-me a voltar
Ao grande salão 
Dos hipócritas 
À dançar com a minha morte
E giramos tanto e tanto
Até que sinto-me 
Atordoada 
E em teus braços 
Adormeço.

O teu silêncio grita.
O teu olhar traz
O meu pôr de sol.
Adormeço.
Presa ao teu Amor
Que vela-me
O sono da morta.

Karla Mello

OST: Maria Magdalena Oosthuizen

domingo, 8 de setembro de 2019

Saudade É Muda

Saudade nasce muda:
Muda de voz.
Muda de planta.

E cresce
E transforma-se numa árvore enorme.

E traz sombra aos passantes.
E dá flores apressadas
Que exalam, quando gritam,
Perfume de Amor aos que passam.

Passarinhos pousam: recadinhos.
.... Saudade também pode ser Hera pesada nos muros... Depende do dia.


Karla Mello

OST: Alicia Nakatsuka

sábado, 31 de agosto de 2019

Do Descabimento de Mim

Nunca soube.
Não saberia
Repartir o que pulsa.
Não gosto de nada
Mais ou menos:
Hora contada,
Adeus de repente,
Virar para o lado - desimportância
Essas coisas nunca cabem
No descabimento
De mim.
Não sei ser metade - sou inteira
Em tudo o que vivo.
Na minha risada,
Na tolice assumida,
Na minha pressa
Inconveniente.
Não... não me acomodo.

Saltei nos meus abismos de mim
Não fiquei no parapeito.

Hoje prefiro assentar-me...
Não salto.
Desafio a paisagem e sorvo
Tudo o que é belo no instante.
.......... Há beleza no caos.

Não gosto das reticências...
Apenas se forem para continuar
Sem vislumbrar o fim.

As reticências sangram
O ponto sara.
Gosto do ponto.
E ainda sou atrevida pra vida.

Já ando a esquecer-me...
Da dor que doeu tanto
Que fomos.

Saltei muito.
Corro pouco.
Caminho sempre.
Com lágrimas, planto flores...
Nos canteiros de mim.
Oferto-as, com gratidão - Imperfeito Amor,
À ti.

Karla Mello

OST: Alyssa Monks

terça-feira, 27 de agosto de 2019

O Dia Em Que Eu Chovi

Hoje
Dissemos adeus.
No relógio do tempo,
Palavras pontuais.
Pensei em morrer
Olhei para os lados
E não havia ninguém.

Pensei que poderíamos voltar
Aos dias ensolarados das nossas vidas
Mas estava tão nublado de palavras
Torpes... Não nos reconhecemos.
E então eu chovi
Como há tempos não acontecia.
E ensopou todo o meu amor
E tu vomitaste as tuas verdades
E eu não as guardei
Deixei-as expostas nas calçadas do tempo.
E seguirei a amar-te tanto e tanto
Tanto e sempre.

Senti-me febril
Tantas verdades tuas pregaste
Nas paredes da tua primeira casa.
Recuei. Bati a porta.
Lacerado ventre.
.... Batemos.

Hoje
Dissemos adeus
E eu te sinto ainda nas minhas entranhas.
Aceno.
E eu continuarei a chover por ti.


Karla Mello

OST: Alyssa Monks

terça-feira, 16 de julho de 2019

Versos À Menina Flor


Dorme, menina minha
E sonha.
Todos os sonhos bons
Que sonhamos nós, um dia,
À ti.

| És um sonho do pai |

Silencia.
O justo espreita a tua
Caminhada.
E embala-te nos braços
Como nós já nem
Podemos.

Pranteia.
Põe aos pés do madeiro.
Semente da mais bela flor
Tu és.
Aguarda em silêncio.
Esforça-te.
E assim, brotará
A mais bela flor
Nos jardins do pai
Que a tudo assiste.
E beija-te os pensamentos insanos
E os desfaz.

Permitas
Que o sopro da boca santa
Desembarace
A tua dor.
E brincarás
Com a tua alma criança
Por entre flores – “Doresflores” como tu
E nada importa.
E nada importará.
….. Eis que aqui
É um cenário passageiro
Onde tens um único jardineiro
E tu... A mais bela flor
Do seu Amor – Canteiro.

Dorme, minha menina.
E já não é sonho.
E vives
Tudo o que ele tem para ti.
Leva contigo no bolsinho
Lenço de enxugar choro
E abraços
E oferta, aos necessitados,
Pelo teu caminho.

Karla Mello

OST: Denilsen

sábado, 13 de julho de 2019

Valor Barato


Não me definas.
Não sou como um sobejo de homens.
Como um sorvete que vós ofereceis uns aos outros...
E não aceitam porque são
Sobejos.

Não sou coisa usada... descartável... reciclável.
Posso até me ter permitido estar...
Um dia... que vai ao longe.
Já esquecido e lançado ao mar.

Mas te conto que cri em sentimentos
Tantas... Tantas vezes.
E pago altas quotas pelas pseudo definições
Que borbulham das bocas raivosas
Dos machistas, cheios de posses “sobre”.
Mas lembra-te:
A ausência de crer
Esconde o cinismo de querer ser.
Eu opto por “dar a cara p'ra bater”.
Poucos acompanham... e não importa.
Ele acompanha-me.

Eu amei tantas vezes.
Eu tropecei: em mim mesma e nos outros.
Eu derrubei e cai.
E choro com a mesma força do meu riso.
Pois quando ele ergue-me
Faz-me capaz de erguer homens e mulheres vis
Tal qual o meu Eu... que eu mato-o e guardo-o nele
Luta de todos os dias.

Guarda a tua palavra cheia de certezas
Daquilo que não experiencias.
E eu?!
Guardo a minha... Do pouco que eu conheço de ti.
Da tua aparente arrogância de sempre saber.
De não aceitares argumentos diferentes dos teus.
Da tua aparente vaidade, humanamente barata.

E eu te amo tanto... não cantes.

O que sentirão pelas mulheres “comidas”?!
O que serão capazes de sentir por mulheres “lambidas”?!
O que aprendeste sobre isto?!
O que dizes?!

| Tu és amor! |

Eu choro com a mesma força do meu riso.
E recomeço.
E danço e brindo a loucura que é todo o fim.
… E a loucura que são todos os recomeços.

Levantem-se, Homens!
Guardem o julgo das histórias tantas.
Em cada face carmim, um universo inteiro.
Dores... sistemas de pensamentos, valores perpassados
Nas entrelinhas do vestido menino,
Do corpo violado, de valor barato.
Do descaso, abandono e abuso.
Dos amores feitos e desfeitos.
Mas, em algum instante, foram pseudo verdades
... Percebidas no depois
Por toda a carne que conhece o sangue.

Por vezes creio que, por isso, não tenho sobrenome
Desses que duram muito tempo e enchem a boca dos vaidosos.
(Nossa! Eles são quase perfeitos!)
E nem o quero... para que funcione como antídoto
Às pseudo definiçoes de ser “aquela”.

Não sou coisa e não sou tua.
Nem de ninguém... Nunca fui... Não serei.
Sou “aquela”... que junta-se e consola, nele,
Todas as maravilhosas “aquelas”
Que querem erguer-se, sem forças e envergonhadas
Por tantos motivos... Não importa.
Há tanta beleza nelas...

Não vale mais o perfume que fica na alma de quem toca, com amor, uma outra alma?!

Chamo-me “aquela”... E canto alto!
E tu?! ... Como tu te chamas?

Karla Mello

OST: Alyssa Monk

domingo, 24 de fevereiro de 2019

"Eu Sou"


Sufoco.
Seguro o ar no peito, chama.
Chama-te em flor
Regada. Colhida. Guardada
Por ti.

Expiro.
Vencida eu fui
Por teu amor.
Trouxe-me cor
Apagou toda a dor.

Suspiro.
Saudade latente
Da tua casa minha.
Somente só... Em ti
Encontro-me. Beijo-te. Guardo-te
Em mim.

Flor tão tua eu sou.
O teu amor me constrange.
O teu amor me persegue.
Regada. Colhida. Guardada
Por ti.

Eu Sou... Tu cantas sobre mim.

Karla Mello

Imagem Arquivo Pessoal

domingo, 2 de dezembro de 2018

Comida de Sonho

Comprei um pedaço de sonho.
Passou o vendedor bem debaixo da janela
Do céu de minha boca
Das palavras que silencio
E que, então,  são sonhos.
E quando vem o tempo
Eu já nem sei se vivi
Ou se foi apenas um sonho
Que eu, ávida, engoli.

Ganhei um pedaço de sonho.
Comi-o inteiro.
Engoli.
E morri de tanto rir
Quando olhei no espelho:

... A boca suja de palavras.
A fome saciada de sonhos.

Karla Mello

Imagem: @alessioalbi

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Versos à Menina Mariáh



Descansa, tão doce Mariáh
Em teu leito que cheira ao último trago
Do dia que te consome e sem cor
Sobre os pulsos em que laceras
Pouso um beijo meu, tua dor.

Descansa nele, pobre menina
A morte da tua filhinha
Descansa...
No colo daquele que primeiro
Nos amou.

E o meu olhar nele
Mergulho dentro do teu olhar
Alma tua, doce menina minha
De infância ultrajada
Tal o trago da bebida
Tal a droga que entorpece
Em tua boca inocente violada
Mas nunca por ele esquecida.
Sempre por ele amada.

Descansa, tão doce Mariáh
Menina que chora, perdida...
És menina da menina dos seus olhos!
Crês nisso, minha querida?!

E choro eu contigo
E choro eu por ti
Abraça-nos Ele à nós.
E no instante do nosso abraço
O seu santo amor sobre ti
Luz sobre nós as duas
Pacto de silêncio e oração
Abraço: coração com coração.

Levo a tua dor para casa
| Semente da minha oração |
E em meus momentos de silêncio
Aos seus pés, planto pedidos
De dias melhores à ti.

Entrego a Ele a tua dor
Menina... És sua flor!
E rogo por ti um pouco de cor
Nos teus dezessete anos nublados
Nos teus cabelinhos cacheados
Nas tuas idéias suicidas
Nas tuas dores e cansaço
Da tua infância interrompida.

Descansa nele, tão doce Mariáh...
Descansa, menina... Descansa...

              .  .  .

À uma jovem tão minha
Que cuido e guardo, todos os dias,
Versos singelos escrevo
E chega ao pai como oração
| Em teu nome, meu pai... em teu nome |
Da minha alma ao teu coração.

Karla Mello

OST: Joseph Lorusso









terça-feira, 13 de março de 2018

Afago


afogo
não deixo brotar
a flor dolorida
do amor.

em lágrimas
e gotas da chuva
das janelas embaçadas
do quarto que ocupo
pequena.

afogo
afago
tão delicadamente
as tuas desbotadas fotografias...
tua flor.

olhar morno o teu
de minh'alma perene... que chora... e chora.
e Ele
que a tudo assiste
apieda-se
no silêncio que coloca em minha boca.

... oro.. afago-te.. afogo-te.. e calo.

Karla Mello

OST: Alyssa Monk

sábado, 24 de fevereiro de 2018

( Dis )Ritmia


Rasga o corte
Sangra e pulsa
Verte vida
Da morta viva.

Descompassa
Confronta
O que é enganoso
Na solidão 
Que é quase tangente

A tua presença
É tão constante
À cada segundo
No | não | de mim.
Na respiração
Que quase falta
Que quase grita
Que muito cala
Que tanto ama
Que tudo explica
Que nada cabe
Aperto e laço
Abraço
Do teu Eu em mim.

Abraça-me .. Abraça-me..

E eu conto estrelas
E a mesma lua
No céu dos loucos
Do amor de ti.

Me amas.. Me amas ..

Na minha ínfima condição
De ser tão complexa
De ser tão confusa
De estar.. e apenas mal estar.
Não sou nada.
Tu és.

Defina-me.. Mata-me.. Engula-me...

Para que eu renasça
Todos os dias
Em tua compaixão
No teu abraço – porto 
Perdão

Flor em botão – eu 
Na palma da tua terna e justa mão.

.. Verte vida.. Ocupa-me.. 
Os recantos que choram
Nesta solidão ocupada
Onde tu cabes
Nos instantes
De cada segundo.
Que grita
Que pulsa
Que sangra
Que cala
Tu explicas.

Quero caber 
No laço..
Da festa da volta
Do teu amoroso
Abraço.

.. Lava-me.. Leva-me.. 

Karla Mello

OST: Jeremy Mann

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Ainda Sobre A Saudade...


Saudade é parte
De partir e ficar.
Saudade é parte
Estilhaçada em flashes
Das mãos
Do olhar morno
Do sorriso 
Do encanto.
É gélido desencanto
No canto da sala
De estar... Vazia.
É o cheiro da chuva
Que cai do olhar.
É aperto no peito
Mas sem mal querer
Tampouco machucar.
Saudade é gota
Ritmada e constante
Que ensurdece e cala
O que não se é permitido
Falar.
Saudade é calar
E guardar em dobras
Quase arrumadas
O desejo de voltar.

Saudade é aceno
À cada segundo que separa...
E espaça... Silenciosamente
O que nunca foi... 
O que jamais será.
O que é confuso
O não saber-se e nem caber-se.
Toda a saudade é descabida
Porque cabe no retrovisor
Do verbo Amar.

Saudade é pétala
Da flor do Amor
Que cái do céu... Assim... Tão despretensiosamente.
Não avisa... E não tarda.
Saudade mente a boca.
Saudade fala apenas 
No olhar.

Criaste tu a saudade
Decerto também a sentes
Da inocência nossa
E convida-nos... Pacientemente
Ao lugar do começo.
….... Posto que a saudade
É tempo estancado
No estopim que eclode... Silencioso...
Em todo o começo.

Karla Mello

Imagem: Arquivo Pessoal

sábado, 2 de dezembro de 2017

Saudade Riachinho


Saudade é riachinho
Que faz olho d'água na face
Dos rios meus.

Saudade é pluma
De passarinho a migrar
Quando quer ficar.

Saudade é beijo
Ternura que guarda-se
Do que não será.
E o que não será.... para sempre o é.
Haja que o que é.... o deixará de ser
i n e v i t a v e l m e n t e
Algum dia.

Saudade é par
| Três passos |
Na contra-dança da vida
Com o verbo Amar.

Saudade é oco
Do mundo.... das satisfações
Da ausência da palavra
Disfarçada em festas
Que não se quer estar.

Saudade é morte
De mim.... todos os dias
Por meu imperfeito Amar.

Saudade é mar
Saudade é par
Saudade é rir.... agradecer e chorar.
.. ando a banhar-me no riachinho de todos os dias ..

Karla Mello

OST: Alyssa Monks


sábado, 11 de novembro de 2017

Sobre O Silêncio


Rasgou-se todo o véu
Que caia sobre as nossas faces.
E, no teu Amor,
Não permito-me mais
Rasgar as minhas vestes.
Tu nos permites
Rasgar e sangrar
O enganoso coração
Tão profundamente a ti.
E tu te sentas conosco, Pai...
E tu amas nos ouvir.
E o meu silêncio...
É toda a lucidez de mim
Que orvalha do meu olhar.

E o meu silêncio...
Traz o inquietante controle
Do teu Amor por nós
Sem controle...
Que provoca a estranheza
Da tua santa paz.

.. distancio-me de mim ..

Karla Mello

Imagem Google

Uma Certa Madalena - Segundo Ato


Tudo tem o seu tempo
Como diz em tua palavra.
É tempo de despetalar
Pétala ternura menina...
Flor que nasceu outrora.
E regar tempos e temporais
Erguida em tua bravura
Com água da vida – sei que és
Pétala terna da tua mão...
E não careço nada mais não.

Chora, filha, chora o botão
Que há de surgir em tudo o que é novo
Despede-te deste ciclo
Pranteia os teus tantos prantos... 
Mal compreendidos
Mal interpretados
Mal acabados
Pseudo sanados...
Ele saberá.

Amor, pai, irmão...
Deixa-me caber, descabida, em tua mão
Fortalece-me na minha fraqueza
Protege-me as portas do coração.

Madalena tua... redimida.
Madalena nua – de si.
Madalena flor – de ti.
Eu sei onde tu me foste buscar...
Somente por teu cuidado.
Somente por tanto Amar.

| Muitas Madalenas e Marias 
Com suas lágrimas e óleos de ungir
Com suas verdades escancaradas
Batam àquela tua porta...
Há um teu jardineiro bem ali. |

Guardo-me a ti, meu senhor.
Tiraste-me de mim a mulher
E permitiste-me ser tua menina 
Que carrega o teu Amor ao invés da dor
Vestida em vestes de flor.

Faz-me Amar com ainda mais ardor...
Faz-me servir sem nenhum temor
Aos teus pequeninos daquela escuridão
Lugar de onde tu me tiraste
De onde o teu Amor me encontrou.
Dá-me, à ti, toda a servidão.

.. uns dizem que eu escandalizo.
.. eu, que estancas o meu pranto.
.. contigo, pai... danço a minha loucura
.. e testemunho, em ti, a minha cura.

.. eu .. lavaria os teus pés .. 
.. mãos que me deram a mão.
.. guardo em toda a oração.

Karla Mello

Imagem: "A Paixão"

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Jardineiro de Mim


Vou tocando a minha lida,
Tocando em notas tão Tuas
Todas exalam à Jasmim.
Replantaste o meu canteiro
Replantando alguns amores,
Arrancaste as minhas dores,
Ervas daninhas de mim.

Aparando as minhas lágrimas
Nos regadores de mim
Encho e ponho-os todos, enfim
Ao pé do madeiro - Ele É princípio e fim.
E com eles, a tua ternura
Rega todo o meu jardim.
........................ Silencio.

E eu fecho os meus olhos meninos
E já sinto saudades do Tejo
Rio, amado meu, te guardo
Dos meus segredos e confins
Sou confusa... E sou tão grata
| As minhas vestes cheiram à Jasmim |
Por Tuas mãos, Meu Senhor... Meu Senhor...
Deste-me uma família em canteiros!
Deste-me, a conversar, um rio inteiro!
E um jardineiro de mim.

Karla Mello
09 de Novembro de 2017

OST: Greg Olsen

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Rio-me na Cara da Morte


Forrei estradas com pétalas
Do restante das minhas flores
Quase mortas
Tudo o que eu tinha
Em nosso nome.

Caminhei ao teu lado
E não fui a melhor
Não sou a melhor em nada
Mas te dei o meu ultimo
Frescor e dias
Que acreditei no amor que brota
Dos homens por si mesmos.

Caminhei ao teu lado
Nos piores dias
E não fui a melhor
Não sou a melhor em nada
Mas partilhamos dúvidas
E nos perdemos juntos.
Mas plantaram, Nele,
Em nós... Tão sós...
Sementes de Amor
De fé e esperança em nós
Até ao fim deste caminho.

Desmachas tu com os teus pés
Os caminhos que fizemos juntos
Mas já brotaram flores
O jardineiro cuidou
E quanto mais pisas tu
Nos canteiros de mim
Mais nascem flores...
Porque A Luz
Aquece e afasta
Toda e qualquer escuridão.
E brota recomeços em flor
De tudo o que te parece o fim.

Sou Flor do campo
Dente de Leão
Filha dO Leão
E O meu Pai sopra-me
Ao vento dO Seu querer
E vou mesmo e quero
Viver dO Seu favor
Sem nada... Não tenho mais nada.
| Isto é o que enxergam todos os que não “Vêem” |
Não sou mais “aquela”.
Ele é o meu pão e água
De Viver.
Ele forrou todo um canteiro
De Amor
Em mim.
Liberta fui... Enfim.

.. rio-me na cara da morte .. e da “morta”.. e danço como uma “louca” ..

Karla Mello

Imagem Google

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Amo Como Quem Morre


perdoem-me, ternas flores
e tão gentis passarinhos
perdoa-me toda a gente
e ainda todos os bichinhos
por tanto Amar como quem morre
imperfeito...
no próximo segundo que corre...

e são bichos e gente perdida
que caíram, assim, dos seus ninhos
muitos nem ninho tiveram
foram derrubados aos espinhos.
e conheço muito este (des)ninho.
fui feita assim e não tem jeito
de Amor e (des)ninho no peito
e duas fontes no olhar
tu as criaste abundante
elas estão sempre a jorrar.

| a alma melancólica tu também Amas.. e pões segredos de teu Amor e paz ..
que toda a solidão desfaz |

e é tão generoso o meu Senhor
que Ama-nos sem qualquer merecer
e permite-nos, estranhamente,
Amar, assim como quem morre
imperfeito...
no próximo segundo que corre.

.. Amo assim, como quem morre, no próximo segundo que corre ..

Karla Mello

Imagem Google sem autoria